A família real Fon trouxe consigo o culto de suas divindades ancestrais, chamados Voduns e,principalmente, o culto à Dan ou o culto da Serpente Sagrada.
Uma grande Noche ou Sacerdotisa, posteriormente, foi Mãe Andresa, última princesa de linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e morreu em 1954, com 104 anos de vida.
Aqui, alguns nomes dos Deuses Voduns:
*Ayzan - Vodun da nata da terra *Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso *Aguê - Vodun da folhagem *Loko - Vodun do tempo
Aspectos históricos
Casa das Minas é o terreiro de tambor de mina mais antigo de São Luís e localiza-se à rua São Pantaleão, 857, no bairro da Madre de Deus.“É puramente jeje” conforme Mãe Deni (Denil Prata Jardim, nascida em 02 de julho de 1925, em Rosário – Maranhão). Foi fundado em 1840 por escravizadas(os) africanas(os) procedentes de Daomé, atual República do Benin. As(Os) africanas(os) denominavam a Casa de Querebentã de Zomadonu. A fundadora do terreiro, conhecida como Maria Jesuína, era consagrada ao vodun Zomadonu, o dono da casa. Segundo as pesquisas realizadas por Pierre Verger revelaram, a Casa das Minas foi fundada pela rainha Na Agontimé, viúva do Rei Agonglô (1789-1797) e mãe do Rei Ghezo do Daomé.Em Colóquio da UNESCO, em São Luís, no ano de 1985, para discutir Sobrevivências das Tradições Religiosas na América Latina e Caribe é assinalado que:“A casa fundada no Brasil pela Rainha Agontimé, mãe do Rei Ghezo, condenada à deportação a seguir a um ajuste de contas no seio da família real, antes que seu filho ascendesse ao trono do Daomé em 1818 e lançasse uma vasta operação de busca a sua mãe. A comunidade da Casa das Minas, com base na família, continua a tradição religiosa real de Zomadonu...” (UNESCO: 1986, p.34). A Casa das Minas possui uma organização matriarcal, sendo, portanto, chefiada por mulheres. Começando pelas mães: Na Agontimé, Luísa, Hosana, Andresa Maria (uma das mães mais conhecidas da Casa das Minas, que a governou entre 1914 e 1954)e Leocádia (Vodunsi Gonjai). Depois vieram as mães: Anéris Santos, Manoca, Filomena, Amância, Amélia Vieira Pinto até chegar à Mãe Deni. Mãe Deni, nascida Denil Prata Jardim, aposentada, vodunsi de Toi Lépon, é a nona dirigente da Casa. Os voduns da Casa são agrupados em quatro famílias principais:a família Davisse do vodun Zomadonu, a família Davisse do vodun Toi Dadarro, a família Odan do vodun Dambirá, a família de Quavioçô, que têm como hóspedes voduns das famílias de Savalunu e Aladanu. Tambor de Mina é o nome dado à religião de origem africana no Maranhão. O modelo de organização dos terreiros de tambor de mina é muito influenciado pela Casa das Minas que foi tombada pelo IPHAN em 2002.
Situação atual
A Casa das Minas atravessou um período de muita instabilidade devido a falta de recursos financeiros para a sua manutenção, haja vista que durante bom tempo parte da casa que careceu de urgentes reparos no madeirame do telhado (com risco de desabamento, pois as madeiras estavam sendo atacadas por cupim); faltavam recursos para completar um cercado (uma mureta) para proteger a Árvore Sagrada (a cajazeira) e demais assentamentos no terreiro que fica no interior da casa. Contudo, mesmo com o conserto realizado com a troca de madeirame, no período de chuva, a casa de Mãe Deni, fica alagada pelas infiltrações das águas, no telhado.
O Movimento Negro Unificado - MNU realizou uma campanha financeira que se iniciou em 2004 e instou instituições com o IPHAN - Instituto do Patromônio Histórico e Artístico Nacional, Fundação Cultural Palmares e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR para atenderem as demandas da Casa das Mina. Muito contribuiu para, também, sensibilizar alguns setores e pessoas a publicação de matéria sobre a casa publicada na Revista Eparrei. As modestas contribuições havidas, às quais a Casa das Minas é grata, têm contribuído em pequenos gastos, contudo, ainda não dão conta de fazer frente às necessidades da Casa das Minas diante das demandas do trabalho social que implementa.
Em 2008 o IPHAN realizou uma reforma para sanar alguns problemas.
A Casa das Minas que representa um patrimônio histórico-cultural-religioso ainda não tem merecido a atenção e o devido cuidado para sua manutenção por parte do poder público municipal e estadual, assim como do setor privado, para que sobreviva com a dignidade necessária, senão vejamos:- As continuadoras das Casa das Minas já têm bastante idade e não possuem plano de saúde que lhes dê acesso à assistência médica, já que por serem anciãs não podem estar esperando atendimento nos serviços públicos de saúde, que não vêm cumprindo a lei do atendimento preferencial que, quando procuram, passam horas e horas na fila de espera. Algumas delas estão doentes sobrevivem de suas parcas aposentadorias;- Não há um telefone público nem outro em nome da Casa;- A Casa das Minas não possui mobiliário (armários, arquivos) para acondicionar os seus documentos;- A documentação da Casa das Minas precisa ser regularizada junto aos órgãos públicos (uma necessidade para abertura de uma conta bancária em nome da Casa – um sonho de Mãe Deni);- Têm dificuldades em pagar os valores exorbitantes das contas de luz, que chegam a ser cobradas em torno de R$400,00 - como é que uma aposentada pode arcar com despesas desse porte?; Não existe um livro de registro de visitantes do local;- Não há previsão orçamentaria quer seja do Município, quer seja do Estado, para apoiar a realização do calendário de festas da Casa - que recebe milhares de pessoas nessas ocasiões;- O Estado só apoia atividades “sincretizadas” como “A Festa do Divino”, deixando de lado as festas maiores de cunho religioso Jeje;- Vários mapas, prospectos, folders turísticos e listas telefônicas do Estado e do Município ignoram a existência secular da Casa das Minas, não citando-a. Por ocasião de alguma exposição, órgãos públicos utilizam-se de materiais requisitados e gentilmente cedidos pela Casa das Minas, contudo, não fornecem nenhuma reprodução do material utilizado ou registrado para que a Casa possa apresentar aos milhares de pessoas visitantes e/ou turistas nacionais e internacionais que por passam, como memória documental. Há um descaso e uma ignorância generalizada sobre o valor simbólico, social, cultural, histórico e religioso da Casa das Minas para o contexto da sociedade ludovicense, maranhense, brasileira e internacional. Para contribuir na reversão de tal situação, o Movimento Negro Unificado – MNU retoma, junto a Casa da Minas, a campanha financeira municipal, estadual, nacional e internacional, objetivando arrecadar fundos para procurar sanar os problemas de manutenção da Casa das Minas.
======
Fonte das Fotos: Blog - http://mlbbt-lm-jr.blogspot.com
das Minas do Maranhão