quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CULTURA IORUBÁ - DA ÁFRICA PARA O NOVO MUNDO - 2ª PARTE


Por exemplo, o Basorun, que era o líder do Oyo Mèsì, era também o sumo sacerdote de Orun. Orun era a divindade pessoal de todos os imperadores Oyo.
Porém, perto do fim do império, alguns chefes de alta patente aceitaram versões radicais e fanáticas do islã.

Portanto, havia um conflito em sua lealdade para com a estrutura político-religiosa do império. Por um lado, eram cobrados pelo islã a renunciar e forçosamente a derrubar a religião iorubá e todas as suas instâncias. Porém, por outro lado, em razão de seus cargos tinham o dever de manter as medidas constitucionais e religiosas que se fundavam em uma religião que eles não mais aceitavam!

Um dos mais importantes inimigos do alafim Awole e que orquestrou sua deposição era Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império.
Porque Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Oyo, ele nutrira a ambição de tornar-se alafim no lugar do fraco Awole.

Infelizmente para Àfonjá, apesar de ter apoio do Oyo Mèsì em seu golpe de Estado contra o alafim Awole e de ser a seleção de novos imperadores uma de suas principais responsabilidades, a Oyo Mèsì não selecionou Àfonjá como imperador após o suicídio de Awole. Ao contrário, selecionou Adébo, um dos príncipes de Awole.

Contudo, a escolha de Adébo era inconstitucional! A constituição não permitia príncipes que fossem sucessores diretos de seus pais no trono. De fato, nos tempos antigos, o príncipe mais velho teria que cometer suicídio toda vez que o imperador reinante morria. A razão era muito simples.

Todo alafim era visto como um semideus - especificamente o representante de Xangô (deus do raio, do trovão e da justiça). Como semideus, o alafim era reverenciado e ele raramente aparecia em público. Nestas raras ocasiões, sua face era sempre envolta por um véu de pelotas de sua coroa pesadamente adornada.

Por ser o alafim um semideus que não estava em contato com seus cidadãos, o filho mais velho, todo alafim reinante tinha o importante título de Aremo. O Aremo, para todos fins e propósitos, tinha mais influência na sociedade em que seu pai era o imperador porque ele era a face pública do governante, da autoridade e do poder. Ele também era os "olhos" e "ouvidos" de seu pai, o alafim, na sociedade.

Em muitos casos, o Aremo era mais temido que o próprio alafim. Era por esta razão que, nos tempos antigos, todo Aremo deveria cometer suicídio quando seu pai morresse. O novo imperador seria selecionado então de uma das casas governantes de Oyo.

Àfonjá não aceitara docilmente a eleição de Adébo. Como ele era o Are-Ona-Kaka-n-fo, comandava um exército que era maior que o permanente da capital. Junto com alguns de seus aliados, Àfonjá repudiou sua lealdade à autoridade do alafim como líder do velho império Oyo. O império finalmente foi tomado por guerras civis.

Entre a deposição do alafim Awole (por volta de 1796) e o colapso final do império, em torno de 1840, não houve nada menos que doze guerras civis de grandes proporções no império.
O significado desse meio século de guerras para a dispersão do povo iorubá não deve ser perdido de vista. Antes de 1789, quando Awole sobe ao trono de velho Oyo, os povos iorubás não foram escravizados em números significativos porque a "confederação" de cidades-estado e reinos que formavam o império tinham um dos exércitos mais fortes da África Ocidental.

Porém, entre mais ou menos 1800 e 1870, os iorubás tornaram-se o maior número de escravos a serem "exportados" das costas da África. Pois, além do fato de muitos senhores da guerra iorubá venderem seus cativos (que também eram iorubás) como escravos, os Nupe e os Bariba (que eram vizinhos dos iorubás a Norte e a Nordeste) também capturaram e venderam um incontável número de iorubás como escravos.

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......... CONTINUA

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