sábado, 16 de outubro de 2010

Fatumbi: O destino de Verger - Continuação 7


“Saída Rica”: o nascimento do etnógrafo
Para quem não terminou os estudos intermediários e sempre demonstrou desinteresse e descrédito
pelas explicações, científicas ou não, do mundo, é compreensível que Verger jamais tenha aspirado a uma
carreira acadêmica. Mais uma vez, entretanto, Ifá, o destino, ou o IFAN, o Instituto Francês da África Negra, o coloca no mundo, desta vez o da universidade.
Este nascimento se deu contra sua vontade e em decorrência das bolsas de pesquisa que recebera
do Instituto Francês da África Negra a partir de 1949. Verger acreditava que os milhares de fotografias
tiradas em sua estada no Benin seriam suficientes para compensar o investimento da instituição em seu
trabalho. Entretanto, Théodore Monod não aceitou apenas as fotos e pressionou-o para que escrevesse as
notas de suas pesquisas, ameaçando não renovar a bolsa que possibilitaria sua permanência na África.
“Fazia aquela pesquisa para mim mesmo e para meus amigos da Bahia. A idéia de publicar seus
resultados para um público mais extenso não tinha me ocorrido. Foi Monod que me obrigou a redigir.
Havia sentido minhas reticências e tinha se queixado a um de meus amigos lhe dizendo: ‘Não foi
afinal para que Verger se convertesse ao paganismo que eu lhe obtive bolsas de estudos!!!’ Achei
bom dizer-lhe que eu não sabia grande coisa sobre a questão, que eu era um fotógrafo e não um
primitivo, que eu não tinha nenhuma formação científica nem acadêmica. Nada adiantou; Monod

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